O tema da primeira edição do Núcleo de Formação Crítica foi “O CLÁSSICO E O TECNOLÓGICO“.
Os quatro encontros aconteceram entre março e início de abril de 2025.
APRESENTAÇÃO DO TEMA
De que maneira a linguagem clássica do cinema assimila, transforma e dialoga com os avanços tecnológicos?
Essa é a pergunta norteadora da nossa primeira edição, na qual propomos uma reflexão sobre como diretores e artistas contemporâneos articulam as convenções do cinema clássico com as possibilidades abertas pelas novas tecnologias da imagem.
Ao longo da história do cinema, a linguagem clássica — fundada em princípios como clareza narrativa, continuidade espacial e causalidade dramática — se mostrou extraordinariamente flexível. Diretores como James Cameron, Steven Spielberg e Robert Zemeckis são exemplos de cineastas que, mesmo investindo pesadamente em inovações técnicas — da captura de movimento à inteligência artificial —, mantêm intactos muitos dos fundamentos clássicos. Suas obras atualizam a gramática tradicional do cinema, sem necessariamente romper com ela.
Por outro lado, há aqueles que utilizam os avanços tecnológicos não apenas como ferramenta, mas como motor de transformação formal. Cineastas como Francis Ford Coppola, as Irmãs Wachowski e S. S. Rajamouli empregam recursos digitais para tensionar, expandir ou até mesmo desconstruir a forma clássica. Seus filmes muitas vezes operam em um registro de excesso, hibridismo e reinvenção, produzindo experiências que desafiam o olhar habituado ao realismo clássico.
É interessante notar, ainda, como certos cinemas asiáticos — particularmente os vindos da Índia, China e Hong Kong — tendem a explorar de maneira mais intensa e deliberadamente artificial as possibilidades expressivas da tecnologia. Esses filmes frequentemente extrapolam limites narrativos e visuais, incorporando efeitos digitais de modo exuberante e muitas vezes performativo, numa lógica que parece celebrar o artifício em vez de disfarçá-lo.
Nesta edição, propomos observar essas diferentes estratégias de integração (ou confronto) entre tradição e inovação. Afinal, o cinema nunca foi apenas uma arte de contar histórias, mas também uma arte em constante diálogo com as transformações técnicas, culturais e estéticas de seu tempo.
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ENCONTROS DA EDIÇÃO
ENCONTRO 01
Definindo a Linguagem Clássica
11 de março | 19h
Leitura recomendada: Do naturalismo ao realismo crítico – Ismail Xavier
A partir das ideias de Ismail Xavier, entre outros teóricos, iremos debater sobre uma possível definição da linguagem clássica no cinema.
ENCONTRO 02
Novas Possibilidades Clássicas
18 de março | 19h
Leitura recomendada: De certa maneira – Alain Bergala
Como o clássico vem sendo repensando ao longo dos anos? Algumas tendências estéticas, com o maneirismo, propõe uma hiperconstrução da forma clássica. A partir das décadas de 1970 e 1980, essa forma passou a ser revisitado de maneira mais autoconsciente, explorando novas possibilidades estilísticas.
ENCONTRO 03
O Clássico e o Tecnológico
25 de março | 19h
Leitura recomendada: A “Animagem” e a nova cultura visual – André Gaudreault, Philippe Marion
De que maneira as novas tecnologias, como gravação em digital, CGI, motion capture e inteligência artificial, reformulam os ideias clássicos? A partir dessa questão e do que foi debatido nos encontros anteriores, iremos pensar mais diretamente sobre o tema proposto desta edição.
ENCONTRO 04
Ideias para Textos
01 de abril | 19h
O último encontro funcionará como uma espécie de brainstorm em que os participantes, juntamente com o professor Arthur Tuoto, irão debater possíveis ideias para textos dentro da temática proposta.
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TEXTOS DA EDIÇÃO
Ghost in the Shell (1995): A Jornada da Imagem em Busca da Consciência – Artur Paula
Annette (2021): Um musical da opacidade – Bernardo Klaus
A Câmera que Virou Janela Quebrada: Spree (2020) e o Fim das Ilusões Clássicas – Fábio Piovani
A Luz do “Volume” projetada sobre a Gotham de Matt Reeves em The Batman (2022) – João Marcos Macedo
Bazin na tela verde: a busca baziniana na era do digital com “Here” (2024), de Robert Zemeckis – Luís Guilherme Freza